Para o jornal da LSR (www.lsr-cit.org)
Em seminário organizado no último dia 24 de novembro, o MTST
reuniu dezenas de comunidades e ocupações no intuito de unificar as lutas das
diferentes comunidades da Grande São Paulo. Ao final do ato foi deliberado a
construção de uma grande Jornada Nacional de Lutas em defesa da moradia, prevista
para o início de 2014 que deve parar o país.
Os reflexos das Jornadas de Junho ainda perduram por todo
país. Prova disso é a quantidade de lutas de diferentes setores da sociedade
que vem se organizando por direitos nos últimos meses.
Do resgate dos beagles do Instituto Royal aos protestos dos
jogadores de futebol que reivindicam um calendário mais justo, das
manifestações contra os crimes da polícia militar a luta por melhoria dos
serviços públicos.
Com o movimento popular não é diferente. De junho para cá, somente
na cidade de São Paulo, já foram mais de 110 ocupações de terrenos baldios ou
reservados para a especulação imobiliária, na sua grande maioria ocupações
espontâneas, efetuadas por aqueles que
não aguentam mais esperar pelas promessas dos governos para resolver o problema
da falta de moradia para a população mais pobre.
Também marca esse período a luta das comunidades que estão
em processo de urbanização. Um bom exemplo disso foram as manifestações realizadas
pelos moradores da comunidade Estaiadinha, zona norte de São Paulo, que por
várias vezes fecharam a Marginal do Tietê como forma de resistência ao despejo
implementado pela prefeitura de São Paulo.
Assim como vem acontecendo
em outras comunidades em processo de urbanização, as famílias são despejadas do
terreno com uma mão na frente e outra atrás. Se a comunidade não reage e enfrenta a truculência da prefeitura e da polícia, a
situação ficaria muito pior.
O povo da periferia está mobilizado e deixa clara sua
indignação com a realização de ocupações, com travamentos de rodovias ou até
mesmo com ações de maior impacto. Esse levante da periferia é muito importante, pois demonstra que o povo
pobre não aceitará passivamente o abandono e o descaso a que são submetidos
pelos governos.
No entanto, essas várias lutas vem ocorrendo de forma
isolada, sem uma coordenação, sem um vínculo com as dezenas de outras lutas e
muitas vezes sem uma rede de solidariedade.
É preciso organizar e unificar essas lutas das diferentes
comunidades que enfrentam os mesmo problemas: despejos
e remoções forçadas. Pois se
essas lutas estivessem ocorrendo de forma coordenada a força seria muito maior e com maiores condições de alcançar vitórias.
Seminário pela moradia digna em São Paulo
Com o objetivo de discutir e organizar essas comunidades, unificando todas numa luta só, o MTST
(Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e a Periferia Ativa, organizaram no
último dia 24 de novembro, o “Seminário pela Moradia Digna em São Paulo”.
Com a participação de cerca de 90 pessoas, representando
mais de 35 ocupações e comunidades em processo de urbanização. A reunião contou
com a participação de representantes da Ocupação Estaiadinha, que vem
protagonizando as lutas pelo direito à moradia nas últimas semanas, Ocupação Dona Deda, Ocupação Capadócia. Participaram companheiros (as) da Ocupação SOMA de Sumaré e da Ocupação
Primavera de Curitiba.
Os participantes se dividiram em três grupos, onde todos
tiveram a oportunidade de repassar as experiências da sua comunidade, de
abordar os problemas enfrentados como o
despejos, ação da polícia, papel dos governos, da justiça e como organizar coletivamente.
A conferência foi um grande sucesso e teve como resolução a
construção para o começo de 2014 uma Jornada nacional de Lutas que dê início as
seguintes campanhas envolvendo a questão do direito à moradia:
1°. Por uma política de prevenção de despejos! Nenhum
despejo poderá acontecer sem que haja as garantias de moradia definitiva.
2°. Criação da lei do inquilinato, na qual os aluguéis só
poderiam ser reajustados de acordo com a inflação.
3° Aumento nos gastos com moradia popular para famílias que
tenham renda de 0 a 3 salários mínimos. Surgiu uma proposta a ser pensada com outros
movimentos de fazer uma campanha pelos 10% do PIB para a moradia.
4° Fazer uma campanha pela qualidade nos projetos do MCMV.
Dos cerca de 1 milhão de moradias construídas pelo MCMV, menos de 40% foi
destinado a famílias de baixa renda com padrão de 39 m2 e com
materiais de péssima qualidade.
5° Que as moradias sejam entregues com todas as condições
necessárias de urbanização: saúde, transporte, educação, saneamento básico,
entre outros .
Com isso os companheiros e companheiras do MTST e da
Periferia Ativa dão o pontapé inicial para as lutas que marcarão o ano de 2014
e deixam claro no ano da Copa do Mundo, o Brasil vai ferver de lutas.
Ano que vem vai ser maior ...
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