sábado, 26 de julho de 2014

Presos Políticos - Presos Pobres

Por José Afonso da Silva

Imagine que você seja um jovem de vinte e poucos anos, branco, de ascendência oriental japonesa  ...  estivesse saindo de uma manifestação e a caminho do metro, ainda na escada rolante, você seja abordado por policiais de todo tipo e por todos os lados .... Eles pedem seus documentos, fazem revista apalpando seu corpo, viram sua mochila pelo avesso, tudo isso a procura de bombas, drogas ou qualquer coisa que lhe enquadre em crime de terrorismo, tráfico de drogas, black blocs (que não é crime), etc.
Imagine que a abordagem é filmada por várias mídias independentes e acompanhada por dezenas de outras pessoas, entre elas jornalistas da grande mídia e um padre, Júlio Lancellotti.
Imagine que mesmo sem encontrar nada que o incrimine, você é levado para a delegacia e lá descobre que ficará detido, sem motivo algum.
Já na cela, Imagine que mesmo você sendo inocente e que nada tenha sido encontrado, você é informado  que portava materiais explosivos e logo em seguida, por mais absurdo que possa parecer, o delegado, ministério público e procuradores do estado o enquadram no crime de formação de quadrilha ... Imagine que seus advogados impetrem um habeas corpus para sua libertação, mas mesmo com os argumentos da sua defesa é  negado pelo juiz .. Pois é, esse é o caso de Fábio Hidek.
Agora imagine que você seja um jovem, negro ...  caminhando sozinho a noite pela quebrada, de volta pra casa, da escola, da balada, não importa. Imagine que você cruze com uma viatura da ROTA e é abordado pela mesma  ... lembre-se que você está sozinho (não importa se há gente na rua ou não). Os policiais, já de armas em punho, saltam da viatura aos gritos de "mão pra cabeça vagabundo!". Com a delicadeza típica de um policial militar, te jogam contra a parede, chutam suas pernas, apertam seus bagos e depois pedem seus documentos... Imagine que você não tenha passagem pela polícia, seja um trabalhador e esteja voltando pra casa depois de uma cansativo dia de labuta  ... teoricamente você ficaria tranquilo, mas os policiais começam a lhe fazer perguntas "de onde você vem?",  "onde você mora?",  "tem passagem?", "o que você tá fazendo na rua nesse horário?",  "usa drogas?",  "é traficante?". Você responde as perguntas, se explica e afirma que é trabalhador. Como não encontram nada, e para não perder a “viagem”, um deles insinua que você rio, não olhou nos olhos de um deles ou olhou, não importa!, você levará um tapa na cara ou no pé-de-ouvido, como dizia meu pai.
Dai pra frente, a depender da sua reação e da sua sorte, o destino determinará se lhe deixarão ir embora, se  levarão para a delegacia ou meterão uma bala na sua testa.
Se lhe deixarem ir embora, blz, foi um enquadro pra coleção. Se lhe mandarem pra cadeia, você será torturado e confessará até pacto com Osama Bin Laden, que obviamente será aceito pelo delegado, pelo ministério público, pelo juiz e seu rosto será divulgado como mais um marginal capturado pelas forças de segurança do estado. Mas caso lhe metam uma bala na cabeça, argumentarão que você estava armado, atirou primeiro e ainda dirão que você é traficante, de preferência um dos cabeças do PCC. A imprensa divulgará sua morte como um grande feito  da polícia militar.
Esses dois exemplos, absolutamente reais e corriqueiros, demonstram que a polícia que reprime e prende manifestantes é a mesma que reprime, prende, tortura e mata na periferia. Também deixa claro que a policial militar não está sozinha nesse esquema, junto a eles estão escrivães, delegados de polícia, ministério público e juízes, todos esses contando com a benevolência da grande e pequena mídia.
Defender a libertação dos presos políticos como Fabio Hidek, mais que defender a libertação de alguém que foi preso injustamente por protestar, é defender o direito de viver dignamente sem correr o risco de ser assassinado pelos militares e de não ser julgado injustamente.

Realidade bem conhecida da população pobre e negra da periferia.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

É hora de perder a paciência!

Por Vinícios Prado

As jornadas de junho, que levaram às ruas milhões de brasileiros, mudaram substancialmente o cenário nacional. Trabalhadores e estudantes ocuparam ruas em todo o país, demonstrando que a paciência com o jogo político institucional, com o discurso de que somos o país do futuro e outros chavões da política tradicional brasileira acabaram. Queremos saúde, transporte, educação, segurança e o direito a uma vida digna.
O fim da paciência de trabalhadores e estudantes com a política tradicional se refletiu também nos partidos da ordem burguesa: todos querem se colocar como porta-vozes das ruas, interlocutores das massas e da juventude. Precisamos perder a paciência com os partidos da ordem burguesa, pois suas campanhas milionárias, financiadas por empreiteiros, banqueiros e multinacionais, os levam a defender os interesses de seus financiadores e não da população que votou neles. Mesmo PT e PSDB, que polarizam a política nacional nas últimas duas décadas (e, portanto, são diretamente responsáveis por este modo de fazer política) querem se apropriar da indignação popular para transformá-la em “capital eleitoral”.
Por isso, é necessário utilizarmos este momento eleitoral para dar continuidade à impaciência! Foi perdendo a paciência que conseguimos reverter o aumento de passagem em Curitiba, São Paulo e em várias outras cidades! Foi perdendo a paciência que o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) conseguiu, neste ano, audiência com o gabinete da presidente e viu vários pontos de suas reivindicações atendidas! Foi perdendo a paciência que os garis do Rio de Janeiro deram uma aula de luta popular ao Brasil todo: em uma greve histórica, atropelaram a direção “pelega” do sindicato ligado aos governistas e arrancaram da prefeitura um aumento histórico de 37% para a categoria!
E é com esse espírito de total falta de paciência com o modus operandi da politica tradicional que o PSOL apresenta suas candidaturas, onde colocamos nomes de trabalhadores e trabalhadoras para ocupar este espaço na disputa eleitoral e fazer o contraponto aos políticos profissionais que defendem a lógica atual. Não apresentamos candidaturas com pretensão de ser porta-voz de nenhum movimento, mas apresentamos candidaturas e possíveis mandatos que podem dar voz aos movimentos sociais e a classe trabalhadora pois, diferente dos partidos da ordem, não somos financiados por empreiteiros, banqueiros e multinacionais: nós construímos nossas campanhas com a contribuição, disposição e suor da militância.
Neste sentido, apresentamos, especialmente ao litoral do Paraná, a candidatura do camarada Vinícius Prado a Deputado Federal: por um mandato que esteja a serviço de toda a falta de paciência presente na classe trabalhadora, proporcionando visibilidade e acumulo sob suas pautas!
Entretanto, não acreditamos que os problemas do conjunto da classe trabalhadora e da juventude que saiu as ruas se resolvam com o processo eleitoral: este é apenas um momento para darmos visibilidade às lutas populares e fazermos o contraponto à política institucional. Junho nos mostrou que é na rua, na luta, que se conquistam as vitórias para a classe trabalhadora. No entanto, outras experiências do PSOL, como no caso do Marcelo Freixo do Rio de Janeiro e no mundo nos mostram como um mandato a serviço das lutas pode impulsioná-las, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa.
  • Por um Piso Nacional que atenda a todas as trabalhadoras e trabalhadores da educação!
  • Por 33% de hora-atividade e pagamento do piso em todos os municípios do Paraná e Brasil!
  • Por 10% do PIB para educação pública!
  • Por uma jornada de 30 horas semanais para os trabalhadores e trabalhadoras da educação!
  • Pela defesa da tarifa zero para o Estado do Paraná!
  • Pelo combate a violência contra a mulher no estado: construção de centros de referência e delegacias 24 horas!
  • Pela descriminalização do aborto e ações educativas, pelo direito da mulher decidir sobre o próprio corpo!
  • Pela suspensão do pagamento da divida pública do Estado. Que o dinheiro seja destinado para saúde, transporte, moradia e educação!
  • Por um mandato afinado com as lutas das minorias (LGBT, Negros e Negras, indígenas e quilombolas)!
  • Pela legalização da maconha e estudos anti-proibicionistas sobre todas as drogas, DROGA É QUESTÃO DE SAÚDE!
  • Pela desmilitarização das forças polciais!
  • Que todos os políticos tenham salário de trabalhador!

Assinam:
Dirigentes do PSOL e do Comitê por uma internacional dos Trabalhadores:
  • Dimitri Silveira - Direção PSOL SP
  • Luciano Barbosa - Executiva PSOL RJ
  • Mariana Cristina - Direção PSOL RJ
  • Katia Sales - Direção PSOL MG
  • Jane Barros - Setorial Nacional Mulheres PSOL
  • André Ferrari – Diretório Nacional do PSOL e Comitê Executivo Internacional CIT – São Paulo
  • Marcus Kollbrunner – Comitê por uma internacional dos trabalhadores CIT – São Paulo
Juventude e trabalhadores:
  • Devalcir Leonardo – Professor Universitário (UNESPAR/Fecilcam)  – Londrina
  • Claudemir Romancini – Professor da Rede Estadual – Maringá
  • Rafael Machado-  Professor - Maringá
  • Adair de Souza- Professor Maringá
  • Vanderlei Amboni – Professor Universitário(UNESPAR/FAFIPA) e Agente Educacional II – Maringá
  • Larissa Melcher – Professora – Pontal do Paraná
  • Sandra Mara – Professora – Pontal do Paraná
  • Marcos Xavier – Professor – Paranaguá
  • José Odenir – Pedagogo – Curitiba
  • Luis Henrique Novacki – Professor – Guaratuba
  • Leonardo Gomes Gomes – Professor  - Pontal do Paraná
  • Renan Berlim Pazinato – Professor – Curitba
  • Giovane Matheus – Estudante - Paranaguá
  • Dilso Junior – Trabalhador do comércio – Pontal do Paraná
  • Tânia Mara – Servidora Municipal – Pontal do Paraná
  • Dilso Aparecido Alves – Corretor de imóveis – Paranaguá
  • Vanessa Santa Maria – Advogada – Pontal do Paraná
  • Lina Santa Maria – Pensionista  - Pontal do Paraná
  • João Marcelo Volker Schawnks – Engenheiro Agrônomo – Antonina
  • Luciano Alves – Maritimo – Paranaguá
  • Rodrigo Maristany – Paranaguá
  • Helisson Santos – Servidor público - Paranaguá
  • Elton Colini – Portuário - Paranaguá
  • Jean Henrique – Estudante – Curitiba
  • Jeferson – Motoboy – Curitiba
  • Felipe Kauai – Estudante - Curitiba