segunda-feira, 10 de março de 2014

Denegrir ou Denigrir?

Por José Afonso da Silva

As palavras tem peso, tem história e carregam em si uma carga de significados. Muitos destes significados trazem em seu DNA uma conotação absolutamente pejorativa. É o caso das palavras denegrir ou denigrir.
Sempre que se quer depreciar e desacreditar uma pessoa ou a reputação de alguém ou de tornar alguma coisa "negra" ou "escura", usa-se as palavras denegrir ou denigrir.
Embora as pessoas que as usem não necessariamente sejam ou tenham sido racistas, o fato concreto é que são palavras com cunho absolutamente preconceituoso e racista e devem, no mínimo, ser evitadas, pois nos remetem há época da escravidão, época em que milhões de seres humanos eram retirados de seus lares, transportados de navios em condições subumanas, obrigados a trabalhar, agredidos, ofendidos, mutilados, violentados, estuprados e assassinados.
Ainda tinham sua cultura, sua língua, sua religião e sua individualidade destruídas por homens de bem, brancos e cristãos.
 Em Taboão da Serra, o debate tem esquentado nas últimas semanas, no que tange a situação precária em que vive os animais do Parque das Hortênsias. No entanto, o nível do debate nem sempre é o mais adequado, quando não é o mais rasteiro e pueril possível.
Mas o que mais incomoda é ver vereadores, secretários, defensores do governo Fernando Fernandes e até mesmo membros da “oposição” abusando da palavra “denegrir”. Tão grave quanto ter sua reputação (se é que alguns têm) afetada, é se defender de ataques dos adversários utilizando-se de palavras de cunho racista (também machistas muitas vezes).
Usar certas palavras de cunho racista, machista ou homofóbico ao se referir a adversários (as), não contribui em nada para o debate e muito menos ainda para apontar as verdadeiras soluções aos problemas existentes.
Aqui não se trata de pregar o politicamente correto, pelo contrário, mas sim de ser intolerante com esse tipo de prática, que, lamentavelmente, vem se reproduzindo nas escolas, estádios de futebol e etc.

A disputa política na cidade, enviesada entre setores fernandistas e evilasistas, ao abusarem desses termos, comprova, não apenas o atraso incutido na sociedade, mas também a pobreza dos políticos da cidade.