sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Tragédia na E.M.I Bidu: Responsabilidade da prefeitura

Por José Afonso da Silva


No dia 19/08/2012, quarta-feira, por volta das 18h30, alunos da turma do Jardim II da E.M.I Bidu, como acontece todos os dias, foram encaminhados ao banheiro para fazerem sua higienização e se prepararem para a hora da saída.
Esta turma é composta por 29 alunos, onde todos têm cinco anos de idade. Estas 29 crianças ficam sobre a guarda de apenas uma professora.
A higienização é feita nos banheiros que ficam ao lado da sala de aula, cerca de dois metros da porta da sala. Neste dia, cumprindo a mesma rotina de sempre, a professora levava todos ao banheiro e os que iam terminando voltavam pra sala de aula. Enquanto isso a professora se desdobra para observar os alunos que estão fazendo a higienização no banheiro e os que estão na sala. Pedia aos que estavam na sala que arrumassem as mochilas e aos que ainda estavam no banheiro para que retornassem à sala. Lembrando que a distância entre a sala e os banheiros é de aproximadamente 2 metros. (Isso é importante frisar, porque tenta-se dizer que a professora estaria no banheiro e teria deixado as crianças sozinha, o que é uma mentira!)
Em seguida, voltando à sala de aula, a professora se depara com uma das crianças, caída no chão e ao lado  uma televisão de 29 polegada que escorregou do rack.
A professora segurou imediatamente a cabeça da criança, que estava imóvel, para que ela não se sufocasse com o sangue que saía de seu nariz.
A coordenador é chamada, já que o diretor não estava presente, e imediatamente foi  acionado o SAMU, que de acordo com os informes chegou ao local em 3 minutos.
Na pressa em atender a criança, o perueiro que transportava as crianças até suas casas se ofereceu para avisar a família, enquanto os funcionários acompanhariam a criança até o hospital.
A ambulância levou a criança para o Hospital Antena, mas devido à gravidade das lesões, transferiram-na para o Hospital Geral do Pirajussara.
A mãe da criança ao chegar ao hospital foi informada pelo médico que a situação era grave, pois seu filho teve perda de massa encefálica e estava com sangramento intenso sendo acompanhado por médicos da UTI.
No mesmo dia, os pais registraram Boletim de Ocorrência como lesão corporal culposa (quando não há intenção de matar), na qual aponta várias informações desencontradas que foram repassadas pela direção da escola

Tragédia anunciada

O rack onde ficava a televisão era o mesmo utilizado para todas as oito salas de aula da escola, diferente da primeira informação repassada à mãe pelo diretor que seu filho estudava “na sala de vídeo e o televisor do recinto caiu sobre R., lesionando sua cabeça”.
Já as informações repassadas a mãe pelos funcionários, “pois disseram que a televisão encontrava-se presa na parede por um suporte e depois mudaram a versão dizendo que estava sobre um carrinho móvel”.
Na verdade não existe sala de vídeo, já que a mesma foi transformada em sala de aula.
Ocorre que, segundo relatos, esse mesmo rack (ou carrinho de rodas como consta no B.O.), com cerca de 1 metro e meio de altura estava sem uma de suas rodas, foi retirada recentemente, pois o defeito nesta impedia seu transporte entre uma sala e outra.
Sem uma das rodas, ainda segundo informações, o rack, tombava para o lado que faltava a roda quando alguém se apoiava nele.
É muito provável que a criança tenha se pendurado nessa parte do rack, trazendo o aparelho de TV abaixo e batendo em sua cabeça.
Imaginem uma TV antiga de 29 polegadas escorregando de uma altura de 1,5 metros na cabeça de uma criança de 5 anos? Lamentavelmente tudo leva a crer que foi o que aconteceu.
Talvez isso explique a pressa com que se procurou limpar a sala, levar o rack para a diretoria e tirar o resto das rodas (pelo menos é a informação), pois a perícia quando chegou não pode fazer uma investigação adequada. Uma forma de esconder o verdadeiro motivo do acidente.
O que poderia ter sido evitado se a solicitação para arrumar o móvel feito pelas professoras fosse encaminhada.
Mas como sempre, só depois que acontece o pior se toma as devidas providências.

Responsabilização do trabalhador

Como sempre acontece quando os serviços públicos não funcionam direito, seja pela falta de profissionais, seja pelo descaso, a vítima é a população e o responsável é funcionário. Os governos tratam de se isentar de suas responsabilidades arrumando um culpado para pagar o pato. Essa parece ser a estratégia da secretária de educação.
Na cidade que se autodenomina “Cidade Educadora”, essa tragédia evidencia de forma inequívoca a farsa deste título.
A Comissão Independente de Professoras ADIs, constantemente, vem denunciando o problema da lotação da salas de aula, a precarização dos serviços, a falta de funcionários, problemas de infra-estrutura básica em algumas escolas e práticas de assédio moral.
Enquanto isso, o secretário finge que está tudo bem e tenta passar para a população em publicações caríssimas a ideia de que a educação em Taboão da Serra é exemplo para o mundo. Mas não é!
Em hipótese nenhuma podemos admitir que a responsabilidade por essa tragédia seja colocada sobre os ombros da professora. Se isso acontecer todo funcionalismo e país devem ser solidários e apontar os verdadeiros responsáveis.
Tenho uma filha de 3 anos e um filho de 12 anos e imagino o sofrimento dos pais. Deixo minha solidariedade e torço para que o pequeno RPCS se recupere o quanto antes e volte a brincar e estudar com seus coleguinhas de sala. 

2 comentários:

  1. Realmente é um absurdo o que aconteceu com essa criança.
    A postura da EMI em limpar a sala e tirar as rodas que o carrinho tinha após o acidente para burlar as provas e acabarem colocando o incidente como acidente corriqueiro, não dá pra aceitar... Se sabiam q faltava um roda e que por esse motivo poderia causar acidente, porque não deixaram essa televisão em um local só e segura.
    Quando se trata de crianças todo cuidado é pouco, são muito frageis, curiosos e ativos.
    Que os culpados paguem por APAGAREM o BRILHO desse menino.

    ResponderExcluir
  2. O pior é que eles encobriram esse fato de todos os pais de alunos,minha mãe sendo avo de um aluno, chegou na hora da saída pra buscar o meu sobrinho, estava cheio de policia, e ela perguntou o q estava acontecendo la,pois estava preocupada por ser avo,eles informaram que foi só um "probleminha"em uma maquina,ele tem coragem de chamar uma tragedia dessa de "probleminha"é ser um uma pessoa sem coração. só pesso a deus que ajude essa criança e tbem os pais dele.

    ResponderExcluir