Por uma maior participação política das mulheres trabalhadoras
Por Kátia Sales
Neste ano de
2012, fazem 80 anos que as mulheres conquistaram o direito ao voto, porém, só
fomos exercê-lo de fato, após a abertura democrática na década de 80. No entanto,
esta conquista formal não se traduz em realidade no dia a dia de milhares de
mulheres. Hoje as mulheres são mais de 50% do eleitorado brasileiro, mas nas
câmaras municipais de todo o país, temos apenas 12,5% de vereadoras.
Apesar do
aparente avanço e discurso de que já obtivemos a igualdade tão almejada, visto
que temos uma mulher como presidente, estamos nos piores postos de trabalho,
mais precários, mais insalubres, mal pagos, pelo simples fato de sermos
mulheres.
As mulheres,
além de trabalharem fora, continuam responsáveis pelas tarefas domésticas. Essa
dupla jornada de trabalho consiste em tarefas pesadas, penosas, cotidianas e
repetitivas que esgotam física e psicologicamente as mulheres. Muitas
vezes não temos com quem contar e faltam creches, escolas, atendimento de
saúde, e nos vemos sozinhas nessa luta do cotidiano.
A diferença de 5 anos para fins de
aposentadoria entre homens e mulheres está longe de compensar anos de trabalho
não remunerado que são os serviços domésticos, e mesmo assim, a reforma da
previdência do governo Dilma tenta acabar com esta diferenciação e ampliar o
tempo para fins de aposentadoria. A mesma Dilma que em seu primeiro ano de
mandato não construiu uma única creche se quer para os filhos da classe
trabalhadora.
Além dos
elementos colocados acima, há de se considerar o silêncio histórico imposto às
mulheres nos processos de mudança da sociedade. A nós sempre nos foi negado
indiretamente à participação na vida pública, pois são enormes as dificuldades
para uma trabalhadora se postular como dirigente sindical, partidária e da
sociedade civil organizada. Apesar de estarmos denunciando há anos a
sub-representação das mulheres na política, continua sendo um desafio para os
partidos estimular uma maior participação e filiação das mulheres, até porque,
a maioria dos partidos não querem perder os seus privilégios, portanto, não têm
interesse na igualdade real.
Para o PSOL,
ações afirmativas como cota racial e cota para mulheres, são mecanismos
necessários enquanto não alcançarmos a democracia que queremos. A lei eleitoral
Lei 12034/09, sobre a reserva de
gênero ou cota para as mulheres, tem por objetivo aumentar a participação
política das mulheres nas eleições como candidatas.
No entanto,
esta medida legal não acabará com as discrepâncias entre as campanhas, uma das
origens dos grandes escândalos de corrupção em nosso país. O financiamento
público de campanha, por exemplo, acabaria com a desigualdade entre candidato
(a) A, B ou C, garantindo uma real participação das mulheres neste processo e
de todos os candidatos da classe trabalhadora. Hoje os candidatos não
comprometidos com os trabalhadores (as) se “vendem” em troca de apoio
financeiro e quando ganham as eleições ficam “amarrados”, devendo favores aos
seus doadores, gerando roubalheira e sacanagem com o dinheiro do contribuinte.
Mas não
queremos qualquer mulher, devemos votar naquelas que representam os interesses
da classe trabalhadora, que lutam por melhores condições de vida para todos e
para todas, que não faça lobby ou demagogia pelo fato de ser mulher. O
equilíbrio do debate é entender que ser candidata é uma necessidade que
mulheres trabalhadoras tenham como porta-vozes no parlamento outras mulheres
trabalhadoras. Por isto afirmamos, nestas eleições, que se lugar de mulher é na
política, então lugar de mulher é no PSOL.
Ficha técnica:
Kátia Cristina da Silva Sales é estudante de direito da Faculdade Anhanguera de Taboão da Serra, militante do PSOL e do Movimento Mulher em Luta.
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