sexta-feira, 8 de junho de 2012

Lugar de mulher é na política!


Por uma maior participação política das mulheres trabalhadoras


Por Kátia Sales

Neste ano de 2012, fazem 80 anos que as mulheres conquistaram o direito ao voto, porém, só fomos exercê-lo de fato, após a abertura democrática na década de 80. No entanto, esta conquista formal não se traduz em realidade no dia a dia de milhares de mulheres. Hoje as mulheres são mais de 50% do eleitorado brasileiro, mas nas câmaras municipais de todo o país, temos apenas 12,5% de vereadoras.
Apesar do aparente avanço e discurso de que já obtivemos a igualdade tão almejada, visto que temos uma mulher como presidente, estamos nos piores postos de trabalho, mais precários, mais insalubres, mal pagos, pelo simples fato de sermos mulheres.
As mulheres, além de trabalharem fora, continuam responsáveis pelas tarefas domésticas. Essa dupla jornada de trabalho consiste em tarefas pesadas, penosas, cotidianas e repetitivas que esgotam física e psicologicamente as mulheres. Muitas vezes não temos com quem contar e faltam creches, escolas, atendimento de saúde, e  nos vemos sozinhas nessa luta do cotidiano.
 A diferença de 5 anos para fins de aposentadoria entre homens e mulheres está longe de compensar anos de trabalho não remunerado que são os serviços domésticos, e mesmo assim, a reforma da previdência do governo Dilma tenta acabar com esta diferenciação e ampliar o tempo para fins de aposentadoria. A mesma Dilma que em seu primeiro ano de mandato não construiu uma única creche se quer para os filhos da classe trabalhadora.
Além dos elementos colocados acima, há de se considerar o silêncio histórico imposto às mulheres nos processos de mudança da sociedade. A nós sempre nos foi negado indiretamente à participação na vida pública, pois são enormes as dificuldades para uma trabalhadora se postular como dirigente sindical, partidária e da sociedade civil organizada. Apesar de estarmos denunciando há anos a sub-representação das mulheres na política, continua sendo um desafio para os partidos estimular uma maior participação e filiação das mulheres, até porque, a maioria dos partidos não querem perder os seus privilégios, portanto, não têm interesse na igualdade real.
Para o PSOL, ações afirmativas como cota racial e cota para mulheres, são mecanismos necessários enquanto não alcançarmos a democracia que queremos. A lei eleitoral Lei 12034/09, sobre a reserva de gênero ou cota para as mulheres, tem por objetivo aumentar a participação política das mulheres nas eleições como candidatas.
No entanto, esta medida legal não acabará com as discrepâncias entre as campanhas, uma das origens dos grandes escândalos de corrupção em nosso país. O financiamento público de campanha, por exemplo, acabaria com a desigualdade entre candidato (a) A, B ou C, garantindo uma real participação das mulheres neste processo e de todos os candidatos da classe trabalhadora. Hoje os candidatos não comprometidos com os trabalhadores (as) se “vendem” em troca de apoio financeiro e quando ganham as eleições ficam “amarrados”, devendo favores aos seus doadores, gerando roubalheira e sacanagem com o dinheiro do contribuinte.
Mas não queremos qualquer mulher, devemos votar naquelas que representam os interesses da classe trabalhadora, que lutam por melhores condições de vida para todos e para todas, que não faça lobby ou demagogia pelo fato de ser mulher. O equilíbrio do debate é entender que ser candidata é uma necessidade que mulheres trabalhadoras tenham como porta-vozes no parlamento outras mulheres trabalhadoras. Por isto afirmamos, nestas eleições, que se lugar de mulher é na política, então lugar de mulher é no PSOL.
Ficha técnica: 
Kátia Cristina da Silva Sales é estudante de direito da Faculdade Anhanguera de Taboão da Serra, militante do PSOL e do Movimento Mulher em Luta.

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