Por José Afonso da Silva
Foram seis dias de intensa
mobilização por parte das professoras ADIs que demonstraram: a firmeza dessas
profissionais para defender suas reivindicações, o apoio que têm junto a
população e a postura antidemocrática e covarde do prefeito Evilásio Farias e
de seu secretário de educação José Marcos dos Santos.
Histórico da greve
O dia 28/05, segunda-feira, foi de visita às escolas para conversar
com os pais e convencer as outras ADIs que ainda não tinham aderido a
paralisação. As visitas foram muito importantes, pois a adesão que estava em
torno de 20% no primeiro dia de greve pulou para cerca de 50% na terça-feira.
No dia 29/05, terça-feira, por volta das 10hs, cerca de 60
professoras ADIs ocuparam o prédio da Secretaria de Educação para exigir
negociação da pauta de reivindicação. Pressionado, o secretário de educação,
José Marcos, se reuniu às 13hs com as ADIs, no entanto, ao invés de discutir a
pauta, preferiu centrar a discussão em acusações e desqualificações às
grevistas; expor suas mágoas com críticas feitas a ele no facebook; acusou a
greve de ter fins eleitorais e etc.
Enfim, demonstrou não ter nenhum
interesse em negociar com as professoras ADIs e demonstrou como nunca ser um
secretario despreparado e desequilibrado para o cargo.
A noite, as professoras ADIs
lotaram a Câmara Municipal, de onde saíram com um requerimento dos vereadores
aprovado por unanimidade, na qual apoiava a greve e solicitava reunião com o
prefeito Evilásio.
O próprio candidato do governo
Evilásio, o vereador José Aprígio anunciou na tribuna da câmara que havia
falado com o prefeito e confirmado a reunião de negociação que seria entre
quarta e quinta-feira.
Nos dias 30 e 31/05, enquanto aguardavam o dia e horário da
reunião com o prefeito para discutir a pauta de reivindicação, as ADIs fizeram
panfletagem aos trabalhadores da Usina e
de outros setores do funcionalismo que sofrem com os mesmos problemas das ADIs.
Com panfletos e carro de som, as ADIs percorreram toda a cidade informando ao
conjunto da população que estavam em greve, suas reivindicações e pedir apoio a
sua luta.
No dia 30, sexta-feira, diante do
silêncio do prefeito Evilásio Farias sobre o dia e horário da reunião de
negociação, as ADIs fizeram um ato na prefeitura com cerca de 100 pessoas para
exigir a reunião.
Evilásio estava na prefeitura,
mas se recusou a receber a Comissão de Negociação das ADIs. Todos os portões de
acesso à prefeitura foram cercados pelas ADIs e fincaram pé deixando claro que
o prefeito Evilásio não sairia da prefeitura sem antes negociar.
A covardia de Evilásio foi tanta,
que o mesmo ficou enclausurado em se gabinete esperando as ADIs irem embora.
No dia 04/06, segunda-feira, as
ADIs fizeram visita às escolas, panfletaram nas praças de Taboão e coletaram
assinatura do abaixo-assinado em apoio à greve.
Cidade Educadora,
só mesmo no discurso
Mesmo com toda repercussão na
imprensa local e embora tenham sido notificados formalmente da greve das ADIs,
Evilásio e José Marcos procuraram ignorar a greve e fazer de conta que reinava
a normalidade. José Marcos inclusive chegou ao absurdo de falar que só existiam
9 professoras ADIs paralisadas.
Agora, o fato mais vergonhoso foi
à reunião realizada na secretaria de educação, na tarde de sexta-feira, 01/06,
onde o prefeito e cerca de 10 ADIs, que não estavam paralisadas, se mancomunaram
para discutir a greve e como desmobilizá-la.
Na contenda, mantida em segredo
absoluto, Evilásio aproveitou para lascar a lenha nas ADIs e utilizar o velho e
batido discurso que não poderia atender as reivindicações devido ao período
eleitoral.
Enfim, não apresentou nenhuma
proposta às pelegas que participaram da reunião, mas, foi oferecido cargos de
livre-nomeados as presentes pelos serviços prestados contra a greve.
Esse é o método Evilásio de
governar: “aos amigos tudo, aos inimigos, a lei!”
O papel dos Sindicatos na greve das ADIs
A greve das ADIs foi organizada
pela Comissão Independente de Professoras ADIs de Taboão da Serra e contou com
o apoio da Subsede Apeoesp de Taboão da Serra, do companheiros do MTST, do PSOL
e do PSTU.
A pauta de reivindicação das ADIs,
confundia-se com a pauta do conjunto do funcionalismo: trabalhadores da Usina,
da saúde, da educação, do transporte, da cultura e etc. No entanto, os
trabalhadores não acompanharam as ADIs na greve, o que fortaleceria e muito a
luta das ADIs.
O apoio dos trabalhadores do
funcionalismo de Taboão da Serra foi muito grande e animador, mas porque então
não aderiram à greve?
A resposta a esta pergunta é que
os dois “sindicatos” oficiais do município, o Sindtaboão e o Simproem,
fingiram-se de mortos o tempo todo, fazendo o que sempre fazem, dando de ombros
pra categoria que deveriam representar.
Na verdade, tanto o Sindtaboão
como o Simproem, que antes andavam agarrados na barra da calça de Evilásio (pra
não dizer outra coisa) servindo de agentes do governo contra o funcionalismo,
agora, se abrigam sob as asas do tucano e pré-candidato Fernando Fernandes/PSDB.
A luta continua!
A greve acabou, mas a luta não!
Por isso as ADIs votaram a suspensão da greve, mas o ritmo de mobilização continua
na mesma intensidade. Hoje, todas estarão na Câmara para pautar suas
reivindicações e exigir a reunião de negociação das reivindicações e reposição
dos dias parados com o prefeito.
As ADIs também discutiram uma
campanha para arrecadar fundos para aquelas companheiras que venham a ter
dificuldades caso haja descontos dos dias parados e ajuda de todos será fundamental.
Num universo de cerca de 5 mil
funcionários, as ADIs representam pouco mais de 200 profissionais. A disposição
de luta, a coragem e a determinação são exemplos de inspiração pra qualquer
categoria de trabalhadores.
Poucas vezes vi uma categoria que
termina uma greve sem ter nenhum ponto de pauta atendido, e termina mais
animada e disposta do que quando começou a greve.
Depois da greve as ADIs nunca
mais serão as mesmas! Parabéns a todas que lutaram e não se venderam.
“ADI É PROFESSORA
SIM, TEMOS OS DEVERES, QUEREMOS OS DIREITOS!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário