terça-feira, 29 de setembro de 2015

Bravateiro, sim senhor!

Por Guilherme Simões

Gilmar Mendes quer R$ 100 mil reais de Guilherme Boulos.
O ministro do Supremo Tribunal Federal afirma que sofreu danos injustos em sua ilibada moral. E não foi à toa: em novembro de 2014, o membro da coordenação nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), criticou o magistrado, chegando a chamá-lo de “bravateiro”. Claro é que em coluna do jornal Folha de S. Paulo, espaço de amplitude nacional, Guilherme não se limitaria a fazer uma simples provocação. A coluna do dia 13 de novembro denuncia não apenas o perfil falastrão do ministro, mas aponta fatos: sua inexplicável relação com o bicheiro Carlinhos Cachoeira e seu antigo lacaio, o (ex-) senador Demóstenes Torres; sua insistência em libertar o banqueiro corrupto Daniel Dantas, sua defesa comovente do ex-governador José Roberto Arruda, pego em flagrante vídeo escondendo dinheiro de propina, entre outros, não podem ser considerados exatamente como comportamentos “morais”, principalmente tratando-se de um ministro da suprema corte e reconhecido jurista.
Guilherme falou de alguns fatos e poderíamos até citar mais coisas a respeito do ex-professor matogrossense: que em 2009, Gilmar Mendes concedeu habeas corpus para o médico e estuprador Roger Abdelmassih o que possibilitou a fuga do bandido; que pediu vistas e “sentou em cima” do processo que julgava a legalidade do financiamento de campanhas por empresas por mais de um ano; que, quando devolveu o processo ao STF, votou a favor do financiamento de campanhas por empresas, mecanismo que todos sabem, facilita e estimula a corrupção; que participou do histórico e moralmente defensável governo Collor como adjunto da Subsecretaria Geral da Presidência da República e consultor jurídico da Secretaria Geral da Presidência da República; que também foi membro do governo FHC como Subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil; que como sócio de uma escola privada em Brasília, faturou quase R$ 2 milhões em convênios com o governo federal entre 1998 e 2008; que arquivou processos de improbidade administrativa contra José Serra e Pedro Malan; que já tentou censurar de Dalmo Dallari a Paulo Henrique Amorim, etc.
O ex-presidente do Supremo gosta de aparecer. Vem se cacifando como um dos ícones da quase histérica tentativa de derrubar o combalido governo Dilma. Diz ele que “ficar sem presidente pode ajudar o país”. Condena a corrupção e, possivelmente, aposta em novas eleições, ou na pior das hipóteses, em uma transição moral e ética com o PMDB (Partido Moral da Democracia Brasileira).
De qualquer forma, Mendes quer R$ 100 mil de Guilherme. Talvez, o salário de mais de R$ 37 mil mais alguns auxílios (aliás só o de moradia custa R$ 4mil) não sejam suficientes para manter um padrão minimamente moral de vida para uma tão nobre personalidade.
Se não for isso, a coluna do meu companheiro Guilherme Boulos, utilizando-se do dispositivo legal da liberdade de expressão, mostrou o que muitos já sabem, mas poucos apontam: um poder judiciário prepotente e arrogante, descolado das reais demandas do povo brasileiro e conectado umbilicalmente ao poder econômico.

Convicto defensor da imoral concentração de terras e feroz agente da criminalização das lutas sociais, Gilmar Mendes ataca não a um colunista de jornal, mas a um dos principais movimentos populares do país na atualidade, responsável por organizar milhares de trabalhadores e por em cheque a estrutura segregadora e discriminatória das cidades brasileiras. A conclusão é que o MTST está no caminho certo, confrontando os tradicionais donos do poder. E que Gilmar, além de ministro de questionável moralidade, é um bravateiro, sim senhor!

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