terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

É possível confiar na oposição de Taboão da Serra?

Por José Afonso da Silva

Após a manifestação contra o fechamento do PS Akira Tada, o prefeito Fernando Fernandes saiu a campo para desqualificar os organizadores do ato. Até ai nada de novo, essa tem sido a prática do governo.
De acordo com Fernando Fernandes, o ato seria político e os organizadores seriam os responsáveis pela destruição da saúde no município nos últimos oito anos.
De certa forma, Fernando Fernandes não mentiu, pois boa parte dos organizadores da manifestação, a exemplo do PT e do PV, estiveram a frente da administração municipal durante oito anos (2005-2012) junto com o PSB de Evilásio Farias.
A administração de Evilásio Farias/PSB e Márcia/PT foi responsável por uma das gestões mais corruptas da história do município. Mas também foi a gestão que aumentou violentamente o IPTU, que transformou o PS do Antena no paraíso financeiro da Iacta, que ignorou as reivindicações do funcionalismo e sempre agindo com autoritarismo e superlotação de livre-nomeados nas repartições públicas.
A trágica administração Evilásio e PT ressuscitou o PSDB no município. A vitória eleitoral de Fernando Fernandes foi muito mais resultado da forte rejeição ao governo Evilásio do que por seus méritos.
Dito isso, a argumentação de Fernando Fernandes é fraca, ainda mais se considerarmos que o PSB de Evilásio Farias, a começar por seus 3 vereadores eleitos, hoje são base de sustentação do governo tucano.
Dezenas de assessores, secretários, partidos aliados  e carreiristas  de sempre estão hoje no governo Fernando Fernandes.
Ou seja, como é possível criticar a administração anterior e ao mesmo tempo abriga-los em seu governo?
Agora, o mais interessante de se notar é que dos organizadores e participantes da manifestação de domingo, a maioria apoiou a candidatura de Fernando Fernandes.
Tanto isso é verdade que o atual presidente da Câmara Municipal, o vereador Eduardo Nóbrega, escreveu em sua página no facebook: “Em nome da esperança uniu-se um exército forte, leal, destemido e vencedor, que enfrentou uma máquina corrupta, combalida e retrógada, um ano depois generais rivais tornaram-se amigos do novo Rei integrando o novo governo, enquanto generais e soldados aliados começam a virar inimigos; Eu quero lutar mas não com esta nova farda”. Logo em seguida, o vereador Eduardo Nóbrega classifica os dissidentes de “guerreiros” e que irá trabalhar para trazê-los de volta.
Fica claro aqui os limites dessa oposição, seja pelo fato de terem sido responsáveis pela tragédia da última administração, seja pelo fato de terem apoiado a candidatura de Fernando Fernandes. Coincidentemente, muitos dos que ali estavam não foram agraciados com cargos na administração tucana.
Fica claro também a hipocrisia de Fernando Fernandes, pois ao mesmo tempo em que critica a administração de Evilásio Farias, os tem hoje aliados de primeira linha abrigados em seu governo.
Por fim, a luta em defesa do Akira Tada é uma luta legítima e de interesse da maioria da população. Não a toa muitos movimentos e moradores participaram da manifestação. No entanto, quando setores que sempre estiveram no poder se utilizam das demandas sociais justas, para no final defenderem seus interesses eleitorais ou para voltarem a ter cargos, isso deslegitima a luta, confunde a população e transforma o debate em algo estranho aos interesses da maioria.


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