sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Um ano da chacina do Jardim Rosana

Por José Afonso da Silva

Ato Ecumênico 04/01/2014 às 10h            
Há um ano atrás, mais precisamente às 23h20m do dia 04 de janeiro de 2013, vários policiais encapuzados entraram aos gritos de “polícia, polícia” num bar do Jardim Rosana (bairro do Campo Limpo) e de forma covarde e premeditada atiram contra os seus frequentadores. Menos de cinco minutos depois várias viaturas da polícia militar do estado de São Paulo apareceram, recolheram as capsulas das balas e interditaram o local impedindo qualquer um de entrar. Obviamente para eliminar qualquer vestígio ou pistas que os incriminassem.
Cinco jovens morreram na hora e outros dois “morreram a caminho” do hospital, totalizando sete mortos e dois feridos. Entre os mortos estavam Dj Lah, do conexão do morro, que em suas músicas narrava o cotidiano da violência na periferia.
 Os sete mortos na chacina do Jardim Rosana se somavam aos mais de 600 jovens assassinados desde o mês de junho de 2012, vítimas de um suposto fogo cruzado entre policiais e setores do crime organizado.  A imensa maioria dos jovens não tinham antecedentes criminais e foram mortos na esquina de casa, no bar, voltando da balada ou mesmo vindo da escola.
Num primeiro momento a imprensa reproduziu o argumento da polícia militar, na qual as chacinas eram promovidas por membros do PCC e uma grita apavorada e conservadora da opinião pública clamava por sangue a cada policial morto. Hoje, está mais do que provado a responsabilidade direta dos agentes da polícia militar nas chacinas de jovens da periferia.
Mas também se confirmou a que o vazamento intencional de dados de policiais (endereço, rotina e etc) do quartel de Itaquaquecetuba foram responsáveis pelas mortes de policiais durante aquele período.
A educação promovida nos quartéis embrutecem o homem que veste a farda a ponto de este odiar manifestantes, grevistas, direito de manifestações, democracia, direitos humanos,  e, principalmente, jovens, pobres e pretos das periferias das grandes cidades.
As grandes manifestações de Junho trouxeram à luz toda a brutalidade da polícia militar e essa brutalidade foi um dos estopins responsáveis por colocar milhões de pessoas nas ruas de todo país, obrigando, mesmo que temporariamente, um recuo nas ações violentas das polícias militares.
No entanto, 2014 é ano de Copa do Mundo e todos os governos, do PSDB ao PT, com base na Lei da Copa, se preparam para garantir a tranquilidade do evento comprando carros blindados, armas de choque, canhões d´água e aumentando o efetivo militar. Está claro que assim como nas manifestações de 2013, os grupos isolados que tem como prática a ação direta do enfrentamento serão o argumento necessário para justificar a prisão e repressão a todas as organizações políticas e populares que sairão às ruas neste ano.
Por isso e muito mais é necessário que o aniversário da chacina do Jardim Rosana deve ser lembrada para que outros jovens não sejam vítimas da violência cruel, inescrupulosa e desumana dos agentes da polícia militar.
Todos ao Ato Ecumênico para lembrar a chacina do Jardim Rosana que acontecerá amanhã, 04/01/2014, sábado, às 10h da manhã, na Rua Reverendo Peixoto da Silva, Jardim Rosana. Vá de camiseta branca e concentrem-se ao lado da quadra do Dora.

Um comentário: