quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Retomar a luta para derrotar os ataques de Haddad!

Por Dimitri Silveira (professor da rede municipal de São Paulo

Após descumprir o acordo de greve, Haddad promove mais um ataque sobre a educação municipal através do programa “Mais educação São Paulo”. Esta reforma demagógica não atende às necessidades do ensino municipal e vai piorar ainda mais as condições de trabalho de muitos profissionais, como no caso da educação infantil, cujas professoras serão obrigadas a lecionar em salas mistas, aumentando o desgaste físico e psicológico dessas educadoras. Com a junção de CEIs e EMEIs, que passarão a atender crianças de 0 a 5 anos, o direito ao recesso no meio do ano estará ameaçado, sobretudo aos profissionais das EMEIs, que contam com este direito atualmente e podem perdê-lo em função da reforma de Haddad. No que se refere às EMEFs, o fantasma do ensino de 9 anos que atingirá os atuais professores do ciclo 2 a partir do ano que vem, continua assombrando milhares de educadores, que podem sofrer com a redução de jornada ou ficar como excedentes em suas unidades. Para derrotar a reforma eleitoreira de Haddad e garantir o cumprimento do acordo de greve, é necessário retomar a luta no segundo semestre!

Governantes contra a parede – É hora de avançar!

As grandes manifestações de junho ocorridas no Brasil colocaram todos os governantes contra a parede, e com Haddad não foi diferente. Momentos como esse são raros e não podem ser desperdiçados. Chegou a hora de lançar uma implacável ofensiva contra Haddad aproveitando essa situação histórica favorável e denunciar o pouco caso com o qual Haddad e o PT tratam a educação pública. É preciso seguir o exemplo dos profissionais da educação do Rio de Janeiro, que estão em greve desde o início do mês de agosto e apesar das ameaças de corte de ponto feitas pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB), seguem firmes na luta. É hora de colocar o bloco da educação na rua e exigir um ensino público, gratuito e de qualidade para todos!

Reforma da educação municipal é mais uma mentira de Haddad

A reforma da educação municipal anunciada no dia 15 de agosto por Fernando Haddad, denominada “Mais educação São Paulo”, não passa de mais uma mentira do prefeito Pinóquio. Depois das manifestações de junho e com a disputa eleitoral de 2014 em curso, Haddad pretende “mostrar serviço” na área da educação, sob risco de ser um ponto fraco do PT nas próximas eleições, pois foi ministro da educação. Esta reforma, portanto, tem dois objetivos. O primeiro é restaurar a imagem do prefeito, que ficou desgastada em função do aumento da tarifa de ônibus e a subsequente revolta que isso provocou. O segundo é se credenciar como o prefeito que mudou a história da educação municipal e, para isso, pretende aumentar o índice do Ideb na cidade de São Paulo a qualquer preço. É certo que esta reforma não trará nenhum avanço. As mudanças são cosméticas e não atacam o centro do problema. Se o objetivo fosse realmente melhorar a qualidade do ensino, a reforma deveria garantir melhores condições de trabalho aos profissionais da educação, expressiva redução do número de alunos por sala e remuneração decente capaz de libertar os professores do acúmulo de cargos. Os engodos do “Mais educação São Paulo” já estão sendo evidenciados. Em entrevista ao site UOL, a professora pesquisadora da UNIFESP Márcia Aparecida Jacomini dispara: "Eu tiro a autonomia do professor [sua "autoria" no processo] e acho que ele vai formar um aluno autor?", se referindo ao “Ciclo Autoral” criado pelo programa. Esta reforma está impregnada com ideias retrógradas e que já se mostraram nocivas à educação, como a repetência dos alunos, ensino de tempo integral sem estrutura, convênios com organizações não governamentais e privatização. Alunos, pais e profissionais do ensino sequer foram chamados para contribuir com suas propostas, o que mostra o conteúdo antidemocrático e demagógico desta reforma. Haddad quer se promover às custas da tragédia da educação pública municipal. Não podemos aceitar isso! Devemos retomar nossa luta e dar a resposta a essa mentira nas ruas!

Perigos da reforma

A reforma de Haddad trará consequências nefastas ao ensino municipal. No caso da educação infantil, os maiores riscos aos profissionais das EMEIs são a perda do recesso, o aumento da jornada de trabalho e a expressiva precarização das condições de trabalho. Essa situação pode desencadear uma migração das professoras de EMEIs para as EMEFs, prejudicando a atribuição de aula das atuais professoras do ensino fundamental 1. Num futuro incerto que vem pela frente, é possível vislumbrar uma possível perda do recesso também nas EMEFs.

As EMEFs sofrerão com a enorme pressão que será imposta aos professores e coordenadores pedagógicos para que o índice do Ideb seja alcançado. Não é difícil imaginar que o assédio moral aumentará nas escolas.

A repetência dos alunos, se for implementada de fato, implicará numa maior superlotação de salas de aula, ou então, estimulará a evasão escolar caso não tenha nenhuma política assistencialista para contê-la.

A sobrecarga de trabalho também será sentida nas escolas, pois esse é o típico efeito de políticas de governos demagógicos e autoritários que querem mostrar resultado sem oferecer condições adequadas de trabalho.

Defendemos:

· Retomar a luta da educação municipal no segundo semestre!

· Imediato cumprimento do acordo de greve!

· Não ao programa Mais Educação São Paulo!

· Fora Callegari, vá com Haddad!

· Não pagamento da dívida municipal com a União! Que esse dinheiro seja investido nos serviços públicos!

· Dinheiro público para a Educação e não para os estádios e obras da copa! 10% do PIB para a Educação pública já!

· Pela realização de um Encontro Nacional de todos os movimentos sociais de junho, da classe trabalhadora e da juventude para organizar a continuidade da luta!

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