sábado, 8 de junho de 2013

Seis breves impressões sobre a entrevista de Fernando Haddad sobre a luta contra o aumento da tarifa em São Paulo.

Por Gabriel Simeone

1- A entrevista foi inteirinha pautada pelo movimento, a maioria das perguntas feitas teria sido feita por nós. Sinal de força e reconhecimento político da luta. 

2- O prefeito ensaia uma mudança de tom sobre o aumento da tarifa, argumenta com tudo o que já ouvimos mas desta vez com mais seriedade sobre a municipalização da CIDE (imposto sobre a gasolina que seria repassado para as empresas de ônibus, reduzindo a tarifa. Isso além de uma resposta evasiva sobre a possibilidade do aumento em 2014, antes dada como certa.

3- O prefeito se manifesta favorável a nossa pauta mas pondera em dois campos, o do conteúdo e o do método de luta. No campo do conteúdo diz que as propostas discutidas pela prefeitura para melhorar a mobilidade (bilhete mensal e talvez municipalização da CIDE) são mais avançadas, defende o transporte como direito e não se manifesta contra a TARIFA ZERO, apenas se sai com o valor do subsidio: 6 bilhões, nossa pauta maior é admitida como uma possibilidade, avançamos. Depois vou dar uma olhada no quanto se gasta com saúde e educação no município, esses últimos sendo direitos são gratuitos e subsidiados, por que não fazer o mesmo com o transporte? No campo do método de luta diz que a violência fecha portas e não constrói, no entanto somente por esses métodos é que conseguimos essa repercussão e esse posicionamento. Não fomos a luta para ser violentos, fomos a luta contra a violência dos transportes e fomos violentamente reprimidos por isso.

4- A entrevista é mais uma demonstração da capacidade política dessa gestão manifesta na capacidade política do prefeito se colocar na entrevista, dando respostas ambíguas e jogando a possibilidade de abaixar a tarifa para o governo federal. Ao mesmo tempo que não se mostra contra a redução propõe uma pauta nacional para construir essa política. Ao mesmo tempo diz que a violência fecha portas se diz aberto ao diálogo com o movimento.

5- Ontem vimos pela primeira vez a GCM se movendo contra nós, se posicionou para impedir a entrada no terminal Pinheiros de ônibus. Não sei o que essa gente pensa, de que vale um terminalzinho semi inaugurado pra quem já tem a pisca local e expressa da marginal tomada? Enfim, desde quando a passagem subiu para 2 R$ a GCM acompanha os nossos protestos e em todos os anos tivemos pelo menos um confronto sério com ela. Esse ano não botaram o focinho pra fora ainda, o posicionamento de ontem se limitou a jogar uma bomba de gás lacrimogênio antes de chegarmos a frente do terminal. O mesmo cuidado na fala que o prefeito tem em se posicionar na entrevista parece ter em não enfrentar os manifestantes na rua. Postura que a sua colega de partido, Marta Suplicy adotou na época. Vejamos como a GCM se posiciona na terça.

6- Apesar de toda a boa entrevista, do talento político evidente do prefeito e do encaixe legal que a entrevista teve, impossível não notar que o prefeito dá como fato dado os custos do transporte, sem considerar as fabulas que a burguesia dona dessas empresas levam com o serviço prestado, tão pouco o jornal se preucupa em levar a questão a esses termos: o transporte não é feito para ser bom, é sim feito para ser rentável! Ao não falar dos donos das empresas (nesse sentido está atrasado em relação a administração da Marta) Haddad escolhe não mexer na ferida que faz sangrar os subsídios, ao sequer colocar essa questão o jornal mostra mais uma vez a sua posição de classe. Ao não cogitar mexer nos fabulosos rendimentos da burguesia viária Haddad mostra estar alinhado com a forma de seu partido: tentar melhorar a vida dos trabalhadores melhorando junto a vida da burguesia, não se pode acender uma vela pra Deus e outra para o Diabo....mas eles continuarão tentando.

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