segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Informe do Ato DIA DAS MÃES SEM OS FILHOS e da reunião com o Fernando Grella Vieira, Secretário de Segurança Pública de São Paulo


Desde a madrugada de 09 de outubro, quando 13 pessoas foram assassinadas na divisa de Taboão da Serra e Embu das Artes logo após a morte de um policial, a população da Grande São Paulo vive um clima de medo, pânico e histeria coletiva.

Por José Afonso Silva (escrito para o Jornal Ofensiva Socialista)

Isso ficou demonstrado no dia 29 de outubro, uma segunda-feira, quando comerciantes repassavam a informação que motoqueiros ligados ao crime organizado estariam exigindo o fechamento de todo o comércio.
O suposto toque de recolher havia sido anunciado nos bairros do Jardim Guaraú, Jaqueline e Dracena (divisa com Taboão da Serra).
A informação, que a polícia classificou como boato, se espalhou igual a fogo de palha para os bairros de Taboão: primeiro no Pazzini, Moabara,  Parque Monte Alegre, Intercap, Mirna, Trê Marias, Centro e depois para bairros do outro lado da BR116 como o Maria Rosa, Parque Pinheiros e Parque Pirajussara. 
Comerciantes fechavam suas portas, alunos das escolas estaduais tomavam o caminho de volta pra casa, e trabalhadores se precipitavam do serviço, já que ninguém queria pagar pra ver se era verdadeiro ou falso o toque de recolher.
Nas redes sociais, dezenas de relatos eram postados a todo o momento, afirmando que motoqueiros impunham o toque de recolher e ameaçavam os transeuntes. A imprensa local rapidamente também começou a espalhar a informação, aumentando ainda mais o pânico.
Marcelo Rezende (TV Record) e Luiz Datena (TV Bandeirantes), na busca desesperada por audiência, disputavam para ver quem mais alardeava o caos e o pânico nas ruas e pediam à população para não saírem de suas casas.
A polícia militar e o governo Alckmin, por outro lado, afirmavam que tudo estava sob controle. Diziam que a polícia estava nas ruas e que a população poderia ficar tranquila.
No entanto, no fogo cruzado entre supostos criminosos do PCC e policiais, muitos inocentes foram agredidos, presos e muitos perderam suas vidas ao voltar do trabalho, da escola, da balada ou mesmo por estarem conversando com amigos na rua de casa.
Até o momento, mais de 300 pessoas foram assassinadas, boa parte delas executada sem a menor chance de defesa por grupos encapuzados que agem com extrema covardia.
Muitas dessas mortes vêm sendo atribuídas a membros da polícia. Após investigações, vídeos de cinegrafistas amadores e testemunhas, fica evidente que é disso que se trata em muitos dos casos.
“Senta o aço”
Uma parcela da opinião pública apoiou esse tipo de ação da polícia. Expressões como “senta o aço”, “solta a coleira governador”, “bandido bom é bandido morto” se tornaram comuns, justificando uma ação violenta, revanchista e ilegal por parte das guarnições.
Enquanto escrevo está matéria já chega a 92 o número de policiais mortos neste ano, na maioria dos casos em horário de folga. Mas, os policiais devem entender que o grande responsável por este número de mortes de policiais é o próprio governador do estado que, mesmo tendo informações sobre um plano para matar policiais, nada fez e até hoje nega que tivesse esta informação. Se não fosse pela divulgação à imprensa pela Polícia Federal e por investigadores anônimos da polícia civil, a guarda não ficaria sabendo de nada até hoje.
Mas também é necessário dizer que a corrupção crônica instalada na polícia militar é responsável pelas mortes dos policiais. Deixou a todos perplexos a lista com nomes, endereços e rotinas de policiais que foi vendida através do batalhão de polícia de Itaquaquecetuba.
A grande verdade é que na guerra entre PM e PCC, fica cada vez mais difícil identificar de que lado estão os bandidos e os mocinhos.
A propagação dos conflitos urbanos deixa claro que o pano de fundo da violência se encontra na desigualdade social, na marginalização da pobreza e na corrupção da polícia.
É necessário que os trabalhadores, jovens, sindicatos, entidades estudantis e partidos comprometidos com os trabalhadores se organizem para impedir que mais vítimas inocentes paguem pela crise desse sistema podre. Entendemos claramente qual o papel da polícia na sociedade capitalista e o porquê de sua existência numa sociedade de classes. Nosso objetivo é desmantelar completamente essa estrutura de poder e substituí-la por uma autêntica democracia dos trabalhadores.
Para avançar nessa direção e dialogar com os setores amplos da população, os socialistas precisam defender um programa transitório para as forças de segurança pública.

Investigação, julgamento e punição de todos os policiais envolvidos em crimes e repressão aos trabalhadores, bem como envolvimento em grupos de extermínio, corrupção, etc!
Por um programa de formação baseada no respeito aos direitos humanos, contra o racismo, a homofobia e o respeito aos direitos das minorias!
Pelo direito à organização e sindicalização independente dos policiais!
Eleição democrática dos comandantes das polícias, com revogação e rotatividade!
Pelo controle democrático da polícia pelos sindicatos, entidades do movimento popular, da juventude e organizações de direitos humanos

Nenhum comentário:

Postar um comentário