quarta-feira, 11 de julho de 2012

Vereador preso em Operação Cleptocracia é candidato a vereador em Taboão da Serra

Por José Afonso da Silva


Quem verificou a lista de candidatos apresentados pelos partidos a disputa eleitoral deste ano, se deparou com o registro do vereador Carlos Andrade, um dos vereadores presos na Operação Cleptocracia, que veio a público no ano passado.
Muitos dos envolvidos nesse escândalo de corrupção se apresentam nestas eleições de forma disfarçada, seja na figura de parentes, amigos e apadrinhados políticos, com o objetivo de transferir suas votações anteriores a seus escolhidos, dessa forma, se mantendo de alguma forma no círculo de poder da cidade.
O interessante neste caso é que o vereador Carlos Andrade parece apostar numa amnésia coletiva da população.
Para alertar os mais desavisados ou que se mudaram a pouco para o  município, faço aqui um brevíssimo histórico dos acontecimentos:
No dia 03 de maio de 2011, três vereadores foram presos em plena sessão da Câmara Municipal de Taboão da Serra por envolvimento na fraude do IPTU. (clique aquipara ver o vídeo).
De acordo com as investigações, levadas a cabo pelo falecido investigador Ivan Jerônimo, os desvios no início de 2011, ultrapassavam 1,2 milhões de reais e que o valor total acumulado desde quando a dita quadrilha se instalou na prefeitura poderia chegar a 30 milhões de reais, dinheiro que foi saqueado dos cofres públicos.
Até o ponto em que as investigações vinham sendo divulgadas, foram instaurados quase 20 inquéritos policiais (apenas cinco concluídos), dezenas de mandados de busca e apreensão, mais de 50 pedidos de prisão, resultando em 29 pessoas presas: quatro vereadores, três secretários do governo Evilásio Farias, funcionários da prefeitura e parentes dos mesmos.
As investigações deixavam claro o envolvimento do prefeito Dr. Evilásio Farias, seja por participação direta ou por omissão. Com base nessas constatações, a juíza Flávia Castellari encaminhou solicitação à Câmara Especializada em Crimes Praticados por Prefeitos (Cecrimp), para que investigasse o prefeito Evilásio, já que ele tem fórum privilegiado.
A população indignada reagiu e realizou mais de uma dezena de manifestações na prefeitura e na câmara municipal para protestar e exigir a cassação dos vereadores corruptos. Destas manifestações surgiu o Comitê de Luta Contra a Corrupção (Apeoesp Taboão da Serra, MTST, Comissão Independente de Professoras ADIs, Ação Popular, PSOL e PSTU), que formalizou documento pedindo a cassação do prefeito por infração-político-administrativa.
De lá para cá, ninguém foi cassado, ninguém foi julgado, o pedido de cassação do prefeito foi arquivado pelo vereador-relator Wagner Eckstein/PT e a CEI (Comissão Especial de Inquérito), foi abortada pelos edis.
A pizza indigesta preparada pelos vereadores de Evilásio, hoje tem odor pútrido e repugnante para a maioria da população que percorre escolas e creches a procura de vagas; que se apertam em ônibus superlotados, caros e demorados; que se desesperam nas filas do Hospital Antena; e etc.
O julgamento dos indiciados na Operação Cleptocracia começará em setembro, porém, muitos dos acusados podem ser absolvidos, seja pela esperteza de seus advogados (pagos a preço de ouro) ou por comprovação inocência. Agora, a apresentação dos mesmos como candidatos, pleiteando continuar como vereadores através do voto popular é, no mínimo, menosprezar a inteligência e a memória da população.


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