Quem verificou a lista de
candidatos apresentados pelos partidos a disputa eleitoral deste ano, se
deparou com o registro do vereador Carlos Andrade, um dos vereadores presos na
Operação Cleptocracia, que veio a público no ano passado.
Muitos dos envolvidos nesse escândalo
de corrupção se apresentam nestas eleições de forma disfarçada, seja na figura
de parentes, amigos e apadrinhados políticos, com o objetivo de transferir suas
votações anteriores a seus escolhidos, dessa forma, se mantendo de alguma forma
no círculo de poder da cidade.
O interessante neste caso é que o
vereador Carlos Andrade parece apostar numa amnésia coletiva da população.
Para alertar os mais desavisados
ou que se mudaram a pouco para o município,
faço aqui um brevíssimo histórico dos acontecimentos:
No dia 03 de maio de 2011, três
vereadores foram presos em plena sessão da Câmara Municipal de Taboão da Serra por
envolvimento na fraude do IPTU. (clique aquipara ver o vídeo).
De acordo com as investigações, levadas
a cabo pelo falecido investigador Ivan Jerônimo, os desvios no início de 2011, ultrapassavam
1,2 milhões de reais e que o valor total acumulado desde quando a dita
quadrilha se instalou na prefeitura poderia chegar a 30 milhões de reais,
dinheiro que foi saqueado dos cofres públicos.
Até o ponto em que as
investigações vinham sendo divulgadas, foram instaurados quase 20 inquéritos
policiais (apenas cinco concluídos), dezenas de mandados de busca e apreensão,
mais de 50 pedidos de prisão, resultando em 29 pessoas presas: quatro vereadores,
três secretários do governo Evilásio Farias, funcionários da prefeitura e
parentes dos mesmos.
As investigações deixavam claro o
envolvimento do prefeito Dr. Evilásio Farias, seja por participação direta ou
por omissão. Com base nessas constatações, a juíza Flávia Castellari encaminhou
solicitação à Câmara Especializada em Crimes
Praticados por Prefeitos (Cecrimp), para que investigasse o prefeito Evilásio, já que ele tem fórum
privilegiado.
A população indignada reagiu e realizou mais de uma
dezena de manifestações na prefeitura e na câmara municipal para protestar e
exigir a cassação dos vereadores corruptos. Destas manifestações surgiu o Comitê
de Luta Contra a Corrupção (Apeoesp Taboão da Serra, MTST, Comissão
Independente de Professoras ADIs, Ação Popular, PSOL e PSTU), que formalizou
documento pedindo a cassação do prefeito por infração-político-administrativa.
De lá para cá, ninguém foi
cassado, ninguém foi julgado, o pedido de cassação do prefeito foi arquivado
pelo vereador-relator Wagner Eckstein/PT e a CEI (Comissão Especial de
Inquérito), foi abortada pelos edis.
A pizza indigesta preparada pelos
vereadores de Evilásio, hoje tem odor pútrido e repugnante para a maioria da
população que percorre escolas e creches a procura de vagas; que se apertam em
ônibus superlotados, caros e demorados; que se desesperam nas filas do Hospital
Antena; e etc.
O julgamento dos indiciados na
Operação Cleptocracia começará em setembro, porém, muitos dos acusados podem ser
absolvidos, seja pela esperteza de seus advogados (pagos a preço de ouro) ou
por comprovação inocência. Agora, a apresentação dos mesmos como candidatos,
pleiteando continuar como vereadores através do voto popular é, no mínimo, menosprezar
a inteligência e a memória da população.
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