sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Da Praça Taksin à Praça Luiz Gonzaga

Por José Afonso da Silva

Quando o governo Turco resolveu derrubar as árvores da Praça Taksin para atender as exigências do mercado imobiliário, vários setores da população turca protestaram e questionaram contra a derrubada das árvores que existem na praça para que ali fosse construído um shopping center, isso sem nenhuma consulta ou diálogo com a população.
Uma parcela da população apoiava o empreendimento, pois vislumbrava a geração de empregos e a valorização da região no entorno da praça, ja que melhoraria a fachada da cidade.
Em 27 de maio dezenas de pessoas ocuparam o Parque Gezi, parte da Praça Taksim. A renitência do governo e a entrada das máquinas no terreno, fez com o acampamento fosse transferido para o local onde seria construído o shopping. Neste momento, a polícia reprimiu brutalmente os acampados, que resistiram bravamente.
O exemplo de bravura das pessoas que ocupavam a Praça Taksin fez com que milhares de pessoas passassem a apoiar aquele movimento em defesa da Praça. No dia 30 de maio, estimulado também pela imprensa amarela, novamente a polícia lançou mão de gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral e toda a violência típica da polícia militar.
O excesso da policia militar detonou um processo onde milhões de turcos tomaram às ruas de todo país em solidariedade aos defensores da praça. Só que agora, a reivindicação não era somente a defesa da praça Taksin, mas também pelo direito de expressão, por democracia, contra a violência policial, contra as remoções do “Sulukule”, projeto de renovação urbana que deslocava moradores tradicionais de áreas centrais para as periferias, contra a islamização do país que restringia o uso de álcool entre outros costumes ocidentais, desemprego, as condições econômicas da população mais pobre, entre outras angústias entaladas na garganta da população.
A violência policial foi a gota d´água que fez transbordar o copo, colocou milhões de jovens, trabalhadores e sem-tetos nas ruas do país num verdadeiro tsunami de manifestações, ao ponto do primeiro ministro turco,Tayyip Erdogan, fazer o seguinte pronunciamento  no parlamento: “vocês não vão colocar o país em crise por causa de uma dúzia de árvores”.
Poisé, o que antes era uma ação de eco-chatos, vândalos e desocupados em defesa de uma dúzia de árvores, ganhou o país e colocou o governo em crise.
No Brasil, as jornadas de junho teve início com a luta  por causa dos 20 centavos na tarifa de ônibus em São Paulo. Na Turquia, por uma dúzia de árvores. Em Taboão da  Serra, contra o fechamento da praça Luiz Gonzaga.
Pelo menos esse é o nosso objetivo!

Nenhum comentário:

Postar um comentário