segunda-feira, 29 de abril de 2013

Jornada Nacional de Lutas da Resistência Urbana


Por José Afonso da Silva

Um dia de luta contra as atrocidades dos megaeventos


    
A última coordenação nacional da Resistência Urbana – Frente Nacional de Movimentos, formada por diversas organizações populares do país, apontou o dia 14 de junho como data para a realização da Jornada Nacional de Lutas contra os despejos e remoções promovidos pelos governos em virtude dos megaeventos, Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro.
     A data escolhida para a jornada coincide com início da Copa das Confederações, marcada para o dia 15 de junho.
     Em todo país, os movimentos que fazem parte da Resistência Urbana estarão organizando ocupações de terra, travamento de rodovias, manifestações na porta dos governos, panfletagens e etc, para denunciar e criticar os altos gastos públicos para a construção de estádios de futebol em detrimento dos serviços públicos. Também denunciará a forma desumana e cruel como comunidades vêm sendo removidas e despejadas para a construção das obras dos megaeventos.
     A mais recente arbitrariedade foi cometida pelo governo de Sérgio Cabral foi a destruição do Museu do Índio, que fica ao lado do estádio do Maracanã e de acordo com o projeto de reforma do Maracanã, a área deverá ser transformada em um estacionamento.
   O Museu do Índio, com área de 1.600 m², existe desde 1910 e foi desativado pela ditadura em 1978. Mas estava ocupado por índios desde 2006 que batizaram o espaço de Aldeia Maracanã. No último 23 de março, foram violentamente despejados pela Tropa de Choque do Rio de Janeiro a mando do governo Dilma/Cabral.

Dinheiro público para o setor privado
    
Segundo a presidente Dilma Rousseff, o país gastará 33 bilhões de reais com as obras da Copa do Mundo, incluindo gastos com infraestrutura, modernização, ampliação e formação de pessoas. Desse total, 68% sairão dos cofres públicos.
     Ao mesmo tempo, Dilma intensifica o processo de privatização de portos e aeroportos. Ou seja, empresas privadas “compram”, recebem dinheiro público para as reformas e ampliações e de brinde ganham o direito de explorar esses serviços por 30 anos.
     A contrapartida, a exemplo do que ocorreu no último país sede da copa, a África do Sul, ficará apenas no papel, pois muitas obras sequer ficarão prontas para os eventos. Sem falar que os atrasos nas obras implicam em mais aumento dos gastos das mesmas.
     O mercado imobiliário, as empreiteiras, as grandes marcas e os grandes especuladores são os grandes beneficiados e por conseguintes comemorarão os megaeventos de 2014 e 2016. Esses estão recebendo bilhões em investimentos públicos e em aquisições de empresas públicas.

A copa do mundo já tem seus perdedores
   
  Enquanto a grande maioria dos trabalhadores e a população mais pobre vive em péssimas condições de vida, morando precariamente, se apertam num transporte público caro e sucateado, morrem nas filas dos hospitais, estudam em escolas decadentes..., soa como piada saber que bilhões e bilhões são derramados em obras para um evento que é controlado por uma das organizações mais corruptas do planeta.
     É o negócio da China. A FIFA lucrará bilhões em patrocínio, propaganda e direitos de imagem, mas quem põe a mão na carteira é o povo brasileiro. Depois das comemorações e das festas, as seleções vão embora, mas as dívidas ficam para a população e para as futuras gerações.
     A FIFA ainda impõe o estado de exceção, que inclui proibição de greves e manifestações, vendas restrita de marcas que patrocinam a copa do mundo, além de passar por cima da cultura nacional, como no caso das baianas que estão proibidas de vender seus produtos dentro dos estádios.
    Por essa e por outras que os megaeventos já se mostram um grande engodo e justificam a Jornada Nacional de Lutas.
    A Resistência Urbana estará organizando plenárias nos estados com o objetivo de atrair e convencer outros movimentos populares da cidade e do campo a se incorporarem nas ações da Jornada.

Site da Resistência Urbana: http://www.resistenciaurbana.org/

Movimentos que fazem parte da Resistência Urbana:
 - Circulo Palmarino
 - MFST (Movimento das Famílias Sem Teto)
 - MLP (Movimento de Luta Popular)
 - MPM (Movimento Popular Por Moradia)
 - MSTB (Movimento dos Sem Teto da Bahia)
 - MTST (Movimento dos Trabalhadores sem Teto)
 - MUST (Movimento Urbano dos Sem Teto)
 - Resistência Camponesa e Urbana do Piauí
 - Terra Livre - Movimento popular do campo e da cidade



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