Diferenças a parte, a Dilma que fez sua defesa pela manhã no
senado, está longe de ser aquela Dilma que estávamos acostumados a ver e ouvir
nos últimos anos.
Por 30 minutos, Dilma fez uma fala contundente, bem elaborada,
tocou em todos os temas fundamentais para sua defesa e ao mesmo tempo denunciar
seu algozes.
Alguns irão dizer que ela leu seu discurso, o que
diminuiria seu impacto, mas esse argumento é insignificante, considerando o
momento histórico.
O fato é que Dilma se colocou de forma altiva, firme e
coerente diante de um tribunal que já tomou sua decisão meses atrás sobre seu
afastamento.
Claro, Dilma poderia ter assumido o seu principal
erro, ter traído as expectativas dos 54 milhões de eleitores ao aplicar o
programa de seu adversário Aécio Neves. Poderia ter pedido desculpas pela
aplicação do ajuste fiscal. Poderia ter pedido desculpas por ter se aliado com
os mesmos bandidos que ora a afastam do poder. Etc.
No entanto, fica claro também que um dos grandes erros
de Dilma foi ter ouvido e aceitado os conselhos de assessores petistas e do
próprio Lula, que a transformaram num joguete na disputa política entre PT e
PSDB.
Não por acaso, muitos petistas da direção do partido
esperam o encerramento do processo de impeachment para poderem se concentrar
nas eleições de 2018, quando esperam ter recuperado o desgaste sofrido pelo
partido com o envolvimento de seus quadros em escândalos de corrupção.
É remota a possibilidade de Dilma reverter seu
afastamento, mas ela consegue a proeza de deixar na consciência da população -
Mesmo daqueles que não concordam com ela - como esse processo foi um tremenda
farsa levada a cabo pelos partidos mais corruptos da história e daqueles que
atuam a mando dos agentes do mercado financeiro, ávidos por conquistar os
recursos naturais do país, leia-se PMDB e PSDB.
No Epílogo deste processo, como disse o camarada Maringoni
Gilberto, "Dilma se agiganta". Pena que na hora errada, no
momento errado e sem fazer a autocrítica correta, porém, contribui para o
processo de desmascaramento do governo Temer e da luta que travaremos contra
ele no próximo período. Não apenas como um governo que ataca os trabalhadores,
mas também de um governo ilegítimo.